quinta-feira, 22 de abril de 2010

POR QUE EDUCAÇÃO AMBIENTAL?

Documento N.º 1

Desde o primeiro momento em que os seres humanos começaram a interagir com o mundo ao seu redor e a ensinarem seus filhos a fazerem o mesmo, estava havendo educação e educação ambiental.

Os povos nativos, por exemplo, desenvolveram uma percepção sofisticada dos sistemas naturais que os rodeiam e um profundo respeito por eles, passando esse conhecimento e respeito de geração em geração.

Com o passar do tempo, mudaram as razões subjacentes e os modos de fazer isso.

Inicialmente, a relação com o meio ambiente estava ligada tão visceralmente à questão da sobrevivência que nenhuma outra razão era mais necessária. Tratava-se de uma relação que dizia respeito de como viver num mundo cuja natureza era externa e mais poderosa do que os homens, que os afetava mais do que era afetada por eles. Todos precisavam saber quais frutos serviam para comer, onde encontrar água durante a seca, como evitar onças, que plantas serviam como bons materiais de construção faziam um bom fogo ou um bom remédio.

O conhecimento ambiental era também necessário para a proteção contra os ataques da natureza e para o aproveitamento das suas riquezas. Porém, a interação entre os homens e o ambiente ultrapassou a questão da simples sobrevivência. A natureza mostrou-se também fonte de alegria, beleza, identidade e status pessoal, de inspiração para a música, arte, religião e significado, enfim, valores internos e, perenes pelos quais se quer lutar:

Com a urbanização e evolução da civilização humana, a percepção da ambiente mudou drasticamente. A natureza começou a ocupar uma posição de subserviência em relação à humanidade. Passou a ser conhecida para que fosse dominada e explorada. A parte da natureza considerada inútil era estudada basicamente para satisfazer a curiosidade das pessoas a respeito do seu mundo. O estudo do meio ambiente tornou-se, ou uma ciência prática de extração de recursos, ou “um estudo do mundo natural" - catálogo e descrições das maravilhas naturais. Nos dois casos, a natureza era considerada como algo separado e inferior à sociedade humana.

No entanto, até mesmo essa motivação manipulativa tem seu lado transcendente. O crescente conhecimento científico revelou cada vez mais maravilhas - o código genético contido nas moléculas do DNA no núcleo da célula, a interdependência equilibrada de todas as espécies numa floresta tropical, a expansão do universo e a aparente singularidade, fragilidade e isolamento do nosso planeta, tão bem estruturado e capaz de produzir a vida. A admiração também foi transmitida a cada nova geração.

A educação formal institucionalizou-se através das escolas, que se configurando como educação ambiental, passou a figurar em muitos tópicos de programas e em muitas disciplinas, mas firmou suas bases especialmente nas ciências. Havia uma esperança não expressa de que todas as ciências, quando se interligassem, iriam compor um quadro completo de como o planeta funciona e de como os seres humanos podem interagir com ele de maneira proveitosa.

Porém, como o volume de informações a ser aprendida em cada ciência crescesse e as pessoas se especializassem cada vez mais, ninguém pôde reunir todas as disciplinas para uma visão total do planeta, muito menos para compreensão de sua interação com os sistemas culturais e econômicos da humanidade. Além do mais, no fim dos anos sessenta e início dos anos setenta muitos problemas ambientais reais e urgentes tornaram-se avassaladoramente gritantes.

Desertos foram se espalhando, a poluição do ar ameaçava a saúde dos moradores das cidades, lagos secavam, os solos erodiam.

Muitos desses problemas transcendiam as fronteiras nacionais; eram o resultado do desarranjo de processos ambientais regionais ou mesmo globais, devido a enormes impactos causados pela sociedade humana. Esses problemas não se encaixaram em projetos educativos ou disciplinas científicas isoladas; eles ilustraram o fato de que a vida humana depende de processos naturais complexos, interconectados, de larga escala, que não podem absorver uma quantidade ilimitada de abusos.

Assim, para que esses processos se desenvolvam bem, precisamos começar a entendê-los melhor e a redirecionar as atividades humanas levando-os em conta.

A natureza passou a ser vista como algo afetado, em geral de maneira desastrosa, pela sociedade humana que, por sua vez, tornou-se a agressora do ambiente - sua vítima. Aí, o conhecimento tornou-se necessário para proteger a natureza e corrigir os erros ecológicos.

Todas essas razões históricas para a educação ambiental ainda são válidas. As pessoas continuam precisando compreender as funções ambientais básicas, a fim de produzirem alimentos, encontrarem água e adaptarem-se ao clima. Precisam compreender a ciência e a tecnologia para modelarem e perpetuarem as positivas conquistas do mundo moderno. E precisam gerenciar a saúde do ambiente e protegê-lo contra ataques insensatos. Porém, uma razão mais completa e construtiva para a educação ambiental está surgindo da combinação de todas as outras razões.

A educação ambiental é necessária para o gerenciamento criterioso deste binômio totalmente interdependente: economia/ambiente.

Sociedade e natureza, de fato, interagem afetando-se mútua e eqüitativamente, porém, ambas vitalmente importantes; crescem ou desaparecem juntas. Os seres humanos não são vítimas, nem senhores da natureza, mas guardiões de algo que não deve ser explorado irracionalmente, nem permanecer totalmente intocado.

Compreender isso é necessário para promover as ações, invenções e organizações sociais que respeitem a viabilidade, estabilidade e produtividade, tanto da sociedade humana como dos sistemas naturais nos seus milhares de interações.

A Carta de Belgrado, escrita em 1975 por vinte especialistas em educação ambiental de todo o mundo, declara que a meta da educação ambiental é:

Desenvolver um cidadão consciente do ambiente total preocupado com os problemas associados a esse ambiente e que tenha o conhecimento, as atitudes motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente em busca de soluções para resolver os problemas atuais e prevenir os futuros.

Esse objetivo já é em si um motivo suficiente para qualquer nação promover a educação ambiental. Qual o país que não precisa de um cidadão como esse? Mas existem ainda outras boas razões, em muitos níveis, para que um país promova seriamente a Educação Ambiental a saber:

aprender, partindo dos exemplos de outros, a evitar seus erros e imitar seus sucessos;

prever e evitar desastres ambientais, especialmente aqueles irreversíveis;

fazer render ao máximo os recursos naturais com que o país foi dotado: administrar esses dons de modo eficiente, produtivo e sustentável:

ser capaz de implementar políticas como o reflorestamento, a reciclagem ou o planejamento familiar, que requerem a cooperação de todas as pessoas:

economizar dinheiro, evitando os danos ambientais no lugar de ter de repará-los posteriormente;

desenvolver a opinião pública no sentido de evitar o pânico e o exagero, porém respeitando a verdadeira urgência das questões;

permitir que as pessoas se tornem cidadãos informados e produtivos do mundo moderno;

assegurar um ambiente enriquecedor que dê segurança e alegria às pessoas, ao qual elas se sintam econômica, emocional e espiritualmente conectadas.

Texto Extraído do documento: "Conceitos para Fazer Educação Ambiental" - Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo

Educação Ambiental: Necessidade e Prática Transformadora

Documento N.° 2

A Educação Ambiental, seus Parâmetros e Enfoques

A Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em 1977, em Tibilissi, na Geórgia (ex-União soviética), definiu assim o objetivo fundamental da Educação Ambiental:

"Fazer com que os indivíduos e as coletividades compreendam a natureza complexa tanto do meio ambiente natural como do criado pelo homem - resultante da integração de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais - e adquiram os conhecimentos, os comportamentos e as habilidades práticas para participar responsável e eficazmente da preservação e da solução dos problemas ambientais."

No Brasil, somente em 1988, com a nova Constituição , a Educação Ambiental tornou-se incumbência do poder público, juntamente com a promoção da conscientização social para defesa do meio ambiente. Leis federais, decretos, constituições estaduais, leis municipais, normas e portarias abrigam hoje dispositivos que determinam, em escalas variadas, a obrigatoriedade da Educação Ambiental.

Dentre os fundamentos podemos destacar:

A Política Nacional de Meio Ambiente n.°6.938 de 31/08/81), que determina que a Educação Ambiental (EA) seja adotada em todos os níveis de ensino.

O caráter interdisciplinar da EA, que por isso mesmo não deve ser constituída como uma disciplina específica, segundo o Conselho de Educação (parecer n.° 226/87), que também recomenda às universidades a preparação dos docentes para o ensino da Educação Ambiental no ensino fundamental e médio.

A incumbência do poder público na promoção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, conforme a Constituição Federal de 1988, no art. 225, parágrafo 1° da Constituição, item VI, que reitera a legislação anterior.

A responsabilidade com o ensino formal de Educação Ambiental no ensino formal de Educação Ambiental no ensino de 1° e 2° graus, assumida pelas constituições estaduais, elaboradas após a Constituição Federal de 1988, terá conseqüências diretas sobre as redes escolares municipais e estaduais.

A Educação Ambiental e o Ensino Formal

A Educação ambiental realiza-se através de dois tipos de processos:

A educação informal, através de campanhas populares que visem à formação de atos e atitudes que possibilitem a preservação dos recursos naturais (fauna, flora, rios, matas etc.) e a correção de processos degenerativos da qualidade de vida na terra (poluições do ar e da água, enchentes, chuvas ácidas, aumentos e temperatura ambiente etc.). Via de regra envolve os meios de comunicação de massa.

Educação formal ou escolar, envolvendo regularmente a rede de ensino, através da atuação curricular, tanto no planejamento quanto na execução de currículos.

Em nível formal, na rede escolar, só agora a E.A. está sendo realizada mais continuamente, muito embora venha consistindo na apresentação de alguns tópicos informativos em algum momento da disciplina de Ciências (1° grau) de Biologia (2° grau), mais freqüentemente quando são apresentados os conteúdos de Ecologia. Ora, em vez de ter um caráter meramente informativo, a EA deveria desenvolver hábitos, atitudes e comportamentos que propiciassem a formação, no alunado, de uma cultura eminentemente ativa na defesa de um meio ambiente saudável ou do uso dos recursos naturais não - renováveis. Mais ainda, esta cultura antipredatória também deveria desenvolver, nas comunidades, a capacidade de repensar seu processo de desenvolvimento, corrigindo distorções e propondo inovações que garantam o desenvolvimento, sem comprometer, irremediavelmente, as condições ambientais.

Por outro lado, a Educação Ambiental vem tendo um caráter essencialmente informativo, que não propicia a verdadeira compreensão dos fenômenos estudados. O programa é extensivo, levado a cabo de forma detalhista e, freqüentemente, exige do aluno processos contínuos de memorização. Os fenômenos abordados parecem não ter relações entre si e pouco é mostrado de sua inserção na vida do jovem estudante. Tudo isso faz com que o estudo seja algo muito pouco interessante para o aluno, assim como para o professor.

Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Científico - Tecnológico

Desde a Conferência Mundial do Meio Ambiente da ONU, realizada em Estocolmo, em 1972, que a Educação Ambiental (EA) é concebida como um processo interdisciplinar contínuo e permanente, escolar e extra-escolar que deveria ter em conta a totalidade da problemática ambiental, isto é, incluir os fatores ecológicos, políticos, tecnológicos, sociais, legislativos, culturais e estéticos. Portanto, a EA não deveria ficar restrita às ciências naturais. Tal concepção norteou a formulação pela UNESCO, em 1978, dos objetivos da EA, que em linhas gerais, são os seguintes:

Conscientizar sobre os problemas do meio ambiente, sua urgência e necessidade de assegurar que se adotem medidas adequadas;

Desenvolver o sentido ético-social sobre os problemas ambientais que impulsionem a participação ativa dos indivíduos na proteção e melhoramento do meio ambiente;

Desenvolver atitudes para resolver e prevenir os problemas ambientais;

Capacitar na avaliação dos programas de EA em função dos fatores ecológicos, políticos, econômicos, sociais, estéticos e educacionais.

Assim sendo, a ação em EA deve dar-se através da integração de componentes informativos - relativos a conhecimentos das ciências naturais (biologia, física e química), sociais (geografia, história, economia, direito, sociologia, antropologia) e tecnológica – e componentes formativos, como conscientizar, desenvolver atitudes e estimular a participação dos indivíduos e das comunidades.

Os países subdesenvolvidos não deixam de, junto com os países desenvolvidos, reivindicar um desenvolvimento sustentável, isto é, promover a preservação do meio ambiente, de modo a assegurar às gerações futuras o usufruto de recursos naturais necessários à sua sobrevivência. No entanto, o desenvolvimento ecologicamente sustentado não foi ainda assimilado pelos programas de Educação Ambiental, que continuam:

Sendo basicamente informativos e com conteúdos ecológicos e filosofia predominante conservacionista;

Não inserindo conhecimentos das outras ciências, especialmente as ciências sociais;

Contribuindo pouco para a transformação de uma nova mentalidade, que identifique os problemas e suas origens nos modelos de desenvolvimento historicamente adotados e desenvolva atitudes e comportamento não só de denúncias, mas, principalmente, seja capaz de formular e propor medidas para a transformação dessa realidade.

Quais são as condições para o desenvolvimento sustentável?

O desenvolvimento sustentável é uma questão de puro bom senso, não há como discordar do conceito.

Porém, sua aplicação no dia-a-dia exigirá mudanças na produção e de consumo, em formas de pensar e de viver.

A propósito, é urgente encontrar soluções para algumas questões de gravidade:

Como vamos produzir a quantidade de alimentos necessária para atender ao crescimento da população, se a base dos recursos está decrescendo rapidamente (erosão e acidificação dos solos, desertificação e degradação dos recursos hídricos)?

Se 90% da energia gerada hoje contribui para o aquecimento global, como fornecer a energia necessária ao funcionamento da economia mundial, que por volta de 2050 poderá ser 5 vezes maior?

Embora não exista ainda um roteiro definido e acordado por todos os países e pelos vários setores da sociedade, algumas ações estratégicas são necessárias à transição rumo ao desenvolvimento sustentável;

Estabilização em curto prazo da população mundial.

Redução da pobreza.

Novo estilo de vida, poupador de energia e de recursos hídricos naturais principalmente, por parte das populações dos países desenvolvidos, maiores responsáveis pela degradação ambiental do planeta, até agora.

Ritmo mais acelerado no desenvolvimento de tecnologias que aumentem a eficiência da utilização de energia e de recursos naturais nas atividades econômicas.

Ação educacional em todos os níveis nos países em desenvolvimento.

Inclusão das preocupações ambientais e econômicas em todos os níveis de tomada de decisão,

Redução dos gastos militares, com o fortalecimento das Nações Unidas.

Assim sendo, o governo e sociedade devem interferir no processo educativo, formal e informal, assim como na gestão do bem público para o desenvolvimento sócio-econômico, hoje, sem dúvida, dependente da educação e da ciência e tecnologia, associadas à preservação ambiental.

A Conferência do Rio, em 1992, produziu 5 documentos que podemos considerar fundamentais ao conceito de desenvolvimento sustentável, que são: Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Carta da Terra; Declaração Sobre Florestas; Convenção Sobre diversidade Biológica; Convenção Quadro Sobre Mudanças Climáticas; e a Agenda 21, amplo programa de ação com a finalidade de dar efeito prático aos princípios aprovados na declaração do Rio.

Ficam assim evidentes os motivos que levam à formulação de uma Educação Ambiental que não seja exclusivamente conservacionista e informativa de conteúdos, principalmente biológicos. Mas, sobretudo, que se torne formadora de hábitos, atitudes e comportamentos que identifiquem, formulem propostas e atuem no sentido da preservação do meio ambiente.

A EA volta-se para criação de condições de sobrevivência futura da humanidade.

Esta só sobreviverá com justiça para todos os homens e povos, se souber promover o seu desenvolvimento sócio-econômico eqüitativo e integrado à preservação do meio ambiente, ou seja, atingindo às nações pobres e ricas do globo terrestre. Para tal, dependerá de desenvolver-se científica e tecnologicamente, em novas bases culturais, especialmente seguindo uma nova ética social e ambiental que tenha repercussões econômicas.

Seus processos educacionais não podem deixar de integrar componentes informativos em todos os ramos do conhecimento, com componentes formativos de novos hábitos, atitudes e comportamentos em relação ao meio ambiente e aos modelos de desenvolvimento adotados.

Educação Ambiental e Interdisciplinaridade

A Educação Ambiental é, portanto, uma consciência crítica e um propósito estratégico. É você fazer prevalecer o qualitativo sobre o quantitativo. É resgatar a harmonia na medida em que propõe uma disposição bem ordenada em partes de um todo.

Harmonia é uma ordem autônoma e não imposta. É fazer imperar a noção de equilíbrio sobre o desequilíbrio sistêmico produzido pelos "máximos": o máximo do consumo, o máximo da produtividade, o máximo do prazer e o máximo da fruição aqui e agora. E o que dizer da ética e da estética, valores que emprestam complexidade ao cálculo econômico de uma equação simplificada pelas relações custo X benefício? A racionalidade ambiental capaz de enfrentar a vulnerabilidade deste novo ator chamado ECOCIDADÃO que bebe a água que não sujou; respira o ar que não poluiu; é vítima da chuva ácida que não produziu; sofre com a mudança de clima que não provocou, enfim, é a um só tempo um cidadão emblematicamente global e profundamente frágil.

Tomando emprestado o conceito do professor Cristovam Buarque, podemos dizer que a humanidade está colocada diante de uma "esquina civilizatória". Tem que escolher um rumo na direção de um novo projeto. O ser humano tem sido capaz de acumular riquezas em escala inimaginável. Esta é a coluna contábil do ativo. Do outro lado, na coluna do passivo, encontramos dois registros dramáticos: o que demonstra custo ambiental expresso pelos indicadores da degradação dos recursos naturais e outro que revela um cruel custo social expresso pelo contingente majoritário de excluídos.

A engenharia econômica ainda não teve forças para destruir e preservar. O resultado é que o luxo da minoria se sustenta sobre as bases frágeis dos lixos que afetam a maioria: o lixo ambiental e o lixo social, segundo Leonardo 80ff; "No imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento se movia para dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do desenvolvimento rumo ao futuro".

Em outras palavras, a humanidade caminhou e caminha com velocidade numa rota de colisão. E aí chega à esquina civilizatória, surge a bússola do 3° milênio: o surgimento de uma nova consciência universal.

A INTERDISCIPLINARIEDADE, metodologia do óbvio, por inerente à natureza humana, é uma das regras de ouro da nova racionalidade ambiental e, assim, perpassa as ciências naturais, a sociologia, a antropologia, a geografia, o urbanismo, o direito, a economia, a política e todos os ramos do conhecimento humano.

Valores, saberes e métodos atrelados à solução de problemas concretos são duas pontas ou dois sentidos que Thomas Kuhn chama de paradigma. O novo paradigma é o anúncio de uma nova cultura, a cultura ambiental, a ser tomada pelo homem, incorporada pela sociedade, vivida como símbolo e como suporte para uma existência com significação.

A abordagem interdisciplinar, portanto, é global, holística, histórica e radical, na medida em que se compromete com o acontecer contemporâneo, com suas problemáticas e suas angústias.

Voltada para a experiência humana, a maior preocupação nesta abordagem é mantê-la como algo natural, pois a integração do conhecimento, meta maior dessa proposta, é algo simples e espontâneo no processo do conhecimento, visto que o real é uno e não fragmentado. Percebe-se isso pelo conhecimento do senso comum, o das pessoas simples, que sempre têm uma lógica interna onde o saber se integra. O saber erudito é que, por ser elaborado, nem sempre tem essa lógica, esse sentido e essa coerência.

Por isso, a abordagem interdisciplinar tem de ser um espelho da naturalidade e da expressão do verdadeiramente humano resgatado em forma de método.

As tentativas interdisciplinares na educação brasileira constituem um movimento que, segundo Ivani Fazenda, nas três últimas décadas nos indicou:

1970 - procurava-se uma definição de Interdisciplinaridade, buscando o rompimento com uma educação em migalhas;

1980 - tentava-se explicitar um método para a Interdisciplinaridade, a partir das dicotomias enunciadas nos anos de 70;

1990 - estamos partindo para a construção de uma teoria interdisciplinar, a possibilidade de explicitação de um projeto antropológico de educação, em suas principais contradições, onde se constata que a condição da ciência não está no acerto, mas no erro.

Texto Extraído do Documento: Água Presente - Metodologia Transversal para Temas Ambientais - CAESB - DF

ATIVIDADE:

1 - Comente sobre a relação do homem com o meio ambiente dentro de uma perspectiva histórica.

2 – Comente sobre o caráter interdisciplinar da Educação Ambiental.

3 – Analise criticamente o processo formal e informal da Educação Ambiental.

4 – O que significam os componentes formativos e informativos da Educação Ambiental?

5 – Em sua opinião como deve ser a Educação Ambiental?

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